Extraído.

Eu quero ser uma pessoa que tem história para contar.

Não quero ser aquela que não embarcou, que deixou de pegar o avião com medo.Aquela que não se arriscou, não experimentou, não quebrou a cara ou o coração. Não quero ser a menina do casaco bege, aquela que anda na linha, a que segue as regras dos outros mesmo que contrarie as suas. Não quero ser aquela que nunca se atirou de olhos vendados no escuro por alguém, por alguma coisa. Não quero ser aquela que não mergulha, a que ama pela metade, a que se entrega só um pouco.

Sou cautelosa, sou racional, mas bem lá no fundo a minha alma é dançarina.

...sempre inventando mundos pra viajar...

Uma das melhores coisas na vida de um ser humano é a infância.E por falar nisso, só agora entendi a diferença entre nostalgia e saudosismo.Lembro da minha infância com afeto, com um gostinho de aaaah, como era bom.Mas não com tristeza, em momento algum.
Chegar da escola naquele dia chuvoso,primeiro dia de aula, me jogar no sofá pra assistir chaves, enquanto meu super pai me traz um sanduba. Ficar pendurada no portão enquanto meu irmão mais velho corre para a rua de baixo(eu não podia ir, pois era menina e muito pequena), brincando de policia e ladrão, e sonhar com as possíveis coisas que lá estariam. Meu amor pelo goku merece destaque. Ele morava naquela rua, personificado, lindo com aqueles cabelos super amarelos.Do outro lado também existiam dinossauros e mamutes, e o arco íris sempre era mais bonito do lado de lá.
Acreditar que um disco voador estaria chegando pra me buscar, e que seria legal, ao contrário do que as pessoas diziam.Ter medo do chupa cabra e da boneca possuída da xuxa.Encher o saco do meu irmão para poder jogar Mario Kart.Chupar picolé, sujar a roupa toda e ninguém encher meu saco por conta disso.Outra fase chegando...aquela em que eu podia ir pra rua de baixo.O Goku o dinossauro e os mamutes não estavam lá, e eu não morri ao saber disso(mas morri ao saber que a manete que meu irmão me dava sempre esteve desligada, e eu não era foda no Mario Kart).Papai Noel nunca foi tão foda aos meus olhos.A rua de baixo era melhor que tudo isso.
Descer o morro de patins, cair, chorar, passar metiolate e por um bandaid.Nessa ordem.Barbie, trailer da barbie, carro da barbie, o ken, também tiveram seu mérito. As bonecas passavam por testes de sobrevivência, e muitas até que aguentaram o tranco. Aquela boneca grande da Eliana que o diga.O rosto dela era um mosaico.
Ir pra igreja nas manhãs de domingo.Voltar e ouvir meu vizinho sanfoneiro tocar Alípio Martins,se achando o Frank Aguiar.Era a morte.Hoje rende muitas risadas.
Pique esconde, pique bandeira, caiu no poço,verdade ou consequência.Ah que saudade!
Ver meu canal de televisão favorito: TV CULTURA.Ainda assisto, mas não surte o efeito desejado.
Viajar pra roça sem saber oque é uma bica, como se pega leite da vaca, e correr de alguém que tem peixes nas mãos, andar a cavalo pela primeira vez.

Saudosista eu.